a) As falas de Rocha e de Valter revelam duas visões de mundo opostas.

Rocha expressa uma visão humanista e ética, segundo a qual as relações sociais e econômicas devem priorizar as pessoas. Ao afirmar que “as pessoas vêm antes do lucro”, ele defende um modelo no qual a dignidade humana, o bem-estar social e valores morais se sobrepõem aos interesses econômicos.

Valter, por sua vez, expressa uma visão utilitarista e cínica do capitalismo, na qual as pessoas são instrumentalizadas como meio para atingir o lucro. Ao afirmar que “exploramos as pessoas e depois vem o lucro”, ele expõe uma lógica econômica baseada na exploração e na inversão de valores, em que o lucro é o objetivo central, independentemente das consequências humanas.

 

b) O termo que possibilita a subversão do sentido original da fala de Rocha é “antes”. 

Na fala do professor, “antes” tem valor axiológico e ético, indicando prioridade moral: as pessoas devem ser consideradas mais importantes do que o lucro. Valter, entretanto, reinterpreta esse termo com valor meramente temporal, entendendo “antes” como uma etapa cronológica do processo de obtenção de lucro: primeiro exploram-se as pessoas, depois vem o ganho financeiro.

Essa mudança de valor semântico — de prioridade ética para ordem temporal — é o mecanismo linguístico que sustenta o efeito crítico e irônico da tirinha.