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Por respeito à natureza, artista Tikuna levou 16 anos para criar um cocar

As primeiras penas de gavião real que conseguiu chegaram em 2005. Um amigo o encontrou na aldeia certa vez e ofereceu algumas penas do animal que tinha encontrado morto no meio do mato tempos antes. “Depois, em 2011, um cacique me disse que tinha algumas também, perguntou se eu queria, eram umas oito. Juntando com as que eu tinha, já dava para fazer um pedaço do cocar”, conta José Tikuna.

Para completar a peça, ele precisou contar com mais doações de amigos e conhecidos. José mesmo chegou a rodar pela floresta atrás das penas do bicho, mas não encontrava nada. Os anos passavam, e ele seguia procurando e esperando.

Só em 2014 encontrou novas penas. Dessa vez, um colega o procurou para que ele usasse seus dotes artísticos para criar um amarrador de cabelo com pena. José topou fazer e ainda conseguiu ficar com algumas para colocar em seu cocar.

José lembra das conversas com amigos tocadores de tambor que sempre falam que se um animal ou uma árvore sofreu ou morreu para que conseguissem produzir o instrumento musical, o mínimo que eles deveriam ter é respeito.

Paula Rodrigues. Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/09/08/porrespeito-a-natureza-tikuna-levou-16-anos-para-criar-um-cocar.htm. 08/09/2021. Adaptado.

a) Explique o sentido da expressão “mais assustador” no contexto do anúncio, comparando-a com o processo de produção do cocar mencionado na notícia.

b) Aponte a função sintática de “por respeito à natureza” e explique como a expressão contribui para o sentido do título e do texto.

a) No anúncio publicitário, a primeira parte traz uma imagem assustadora: a presença de um tubarão e, consequentemente, o perigo que isso pode trazer a um banhista. A segunda imagem, cotejada com a anterior, sugere a extinção de uma espécie, o que é visto como “mais assustador”, pois representa o desequilíbrio ecológico, que não apenas sensibiliza à consciência ecológica, mas que pode indicar em larga escala a agressão feita pelo ser humano ao meio ambiente e o comprometimento de sua própria sobrevivência. É exatamente esse temor pela extinção de uma espécie que leva José Ticuna a coletar na natureza as penas do gavião real que encontra, em vez de obtê-las pelo abate ou aprisionamento da ave.

b) O termo “por respeito à natureza” é um adjunto adverbial de causa e revela o motivo de a confecção do cocar ter levado tanto tempo. O amor à natureza de José Ticuna (ou seja, sua consciência ecológica e intuito preservacionista) fez com que ele se limitasse a empregar as penas que encontrasse na natureza, sem retirá-las de um espécime vivo, respeitando assim sua integridade física e mesmo emocional.