No seu estudo sobre a queda dos corpos, Aristóteles afirmava que se abandonarmos corpos leves e pesados de uma mesma altura, o mais pesado chegaria mais rápido ao solo. Essa ideia está apoiada em algo que é difícil de refutar, a observação direta da realidade baseada no senso comum.
Após uma aula de física, dois colegas estavam discutindo sobre a queda dos corpos, e um tentava convencer o outro de que tinha razão:
Colega A: “O corpo mais pesado cai mais rápido que um menos pesado, quando largado de uma mesma altura. Eu provo, largando uma pedra e uma rolha. A pedra chega antes. Pronto! Tá provado!”.
Colega B: "Eu não acho! Peguei uma folha de papel esticado e deixei cair. Quando amassei, ela caiu mais rápido. Como isso é possível? Se era a mesma folha de papel, deveria cair do mesmo jeito. Tem que ter outra explicação!".
HÜLSENDEGER, M. Uma análise das concepções dos alunos sobre a queda dos corpos.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, n. 3, dez. 2004 (adaptado).
O aspecto físico comum que explica a diferença de comportamento dos corpos em queda nessa discussão é o(a)
Para um corpo em queda, a intensidade da força de resistência do ar depende da geometria do corpo, da densidade da atmosfera e da velocidade relativa do corpo em relação ao ar. Sobre a pedra, a rolha, a folha de papel esticada e sobre a folha de papel amassada, a força de resistência do ar pode ter intensidades diferentes. Dessa forma, sobre cada um desses corpos, a resultante das forças pode ter intensidade diferente. Assim, cada um pode cair com uma aceleração diferente e chegar ao solo em um intervalo de tempo diferente.
Caso a queda ocorresse de forma que a resistência do ar pudesse ser desprezada, todos os corpos cairiam com mesma aceleração (igual à da gravidade local), independentemente de sua massa, formato ou material com que fosse feito.