Nos setores mais altamente desenvolvidos da sociedade contemporânea, o transplante de necessidades sociais para individuais é de tal modo eficaz que a diferença entre elas parece puramente teórica. As criaturas se reconhecem em suas mercadorias; encontram sua alma em seu automóvel, casa em patamares, utensílios de cozinha.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional.
Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
O texto indica que, no capitalismo, a satisfação dos desejos pessoais é influenciada por
Os indivíduos, tratados pelo autor como criaturas, podem se reconhecer em suas diferentes mercadorias. Tal reconhecimento, estimulado pela lógica de organização e funcionamento do capitalismo, tem por finalidade ampliar os padrões de consumo. Desse modo, é fundamental levar em consideração o fetichismo da mercadoria como um componente central do incentivo constante ao consumo. Esse incentivo é controlado pelo capital e, através de diferentes instrumentos publicitários da indústria cultural, passa a fazer com que os indivíduos consumam cada vez mais, atribuindo valores e status às mercadorias.
Marcuse destaca que a eficácia do “transplante das necessidades sociais para as individuais”, ou seja, o capitalismo influencia na construção dos desejos pessoais não apenas no campo material, mas também no campo das subjetividades. Portanto, o desenvolvimento de mecanismos que possam atuar na subjetividade dos indivíduos se torna mais uma ferramenta a favor do capital. Marcuse aprofunda sua análise ao recorrer à teoria freudiana e articulá-la com a teoria marxista.
Partindo do texto, as alternativas A, C e E de imediato podem ser identificadas como erradas. O vestibulando poderia ficar em dúvida entre as alternativas B e D, já que no capitalismo, o estímulo permanente ao consumo se constitui como um mecanismo de controle. Porém, a satisfação dos desejos – como pede o exercício – se dá pela existência de mecanismos subjetivos que atuam para que os consumidores se identifiquem com as mercadorias.