Se for possível, manda-me dizer:
— É lua cheia. A casa está  vazia —
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer o teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia. 
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
— É lua nova —
E revestida de luz te volto a ver. 

HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.

Falando ao outro, o eu lírico revela-se vocalizando um desejo que remete ao

  • a

    ceticismo quanto à possibilidade do reencontro.

  • b

    tédio provocado pela distância física do ser amado.

  • c

    sonho de autorrealização desenhado pela memória.

  • d

    julgamento implícito das atitudes de quem se afasta.

  • e

    questionamento sobre o significado do amor ausente.

No poema, o eu lírico expressa seu próprio desejo de retomar um passado junto ao ser amado, agora distante. O trabalho da rememoração da vivência amorosa vem explicitado na lembrança “do brilho das marés” e dos “pés molhados”, sensações experimentadas em outros tempos.