Texto 1
A ideia do panóptico coloca no centro alguém, um olho, um olhar, um princípio de vigilância que poderá de certo modo fazer sua soberania agir sobre todos os indivíduos [situados] no interior dessa máquina de poder. Nessa medida, podemos dizer que o panóptico é o mais antigo sonho do mais antigo soberano: que nenhum dos meus súditos escape e que nenhum dos gestos de nenhum dos meus súditos me seja desconhecido.
(Michel Foucault. Segurança, território, população, 2008. Adaptado.)
Texto 2
Em 2013 as revelações de Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, deixaram a noção de transparência democrática sob suspeita. Snowden revelou que a inteligência estadunidense realizava vigilância em massa de seus aliados e adversários políticos. A espionagem ocorreu logrando acesso legal ou forçado aos servidores de boa parte das maiores empresas de internet.
(Davi Lago. “O panóptico digital: por que devemos suspeitar da palavra
‘transparência’?”. https://estadodaarte.estadao.com.br, 29.08.2019.
Adaptado.)
O fenômeno retratado nos excertos implica, diretamente,
Ao analisar a ascensão do capitalismo na Europa entre os séculos XVIII e XIX em meio à gradativa queda do poder monárquico, o pensador francês Michel Foucault criou o conceito de sociedade disciplinar, segundo o qual as instituições sociais, com destaque para o Estado, assumem papéis de vigilância, normatização e exame constante dos sujeitos. Essa forma de poder seria exercida minuciosamente por meio da tecnologia panóptica.
O exemplo do texto 2, sobre as revelações de Edward Snowden, reforça a ideia de que, por trás da bandeira da liberdade, existe frequentemente a vigilância de uma autoridade estatal (e de outras instituições), que tenta garantir a disciplina da sociedade e, consequentemente, sua normalização.