Ora resta examinar quais devem ser os procedimentos e as resoluções do príncipe com relação aos seus súditos e aos seus aliados. Há uma grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseje manter-se príncipe aprender a não usar [apenas] a bondade.
(Nicolau Maquiavel. O Príncipe, 1998. Adaptado.)
O tema abordado por Maquiavel no excerto também está relacionado ao seu conceito de fortuna, que diz respeito ao fato de o governante
A questão apresenta um trecho da obra "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel. Nele, o autor reflete sobre a necessidade do príncipe em estar preparado para as mais diferentes circunstâncias, ou seja, pronto para lidar com o imprevisível, o que Maquiavel denomina "fortuna". Sendo a política uma ação humana, baseada na luta pela conquista e pela manutenção do poder, o príncipe deve estar apto a agir para não ser surpreendido e traído pelo imprevisto, sabendo se sobressair e se adaptar a qualquer ocasião.