Ao cunhar a frase “natureza atormentada,” no início do século XVII, numa referência ao objeto do conhecimento científico, Francis Bacon não imaginou que esse ideal iria, no século XXI, atormentar filósofos e cientistas. O “tormento” do mundo natural, para ele, significava conhecê-lo, não pelo saber desinteressado, mas para dominar, transformar e, então, utilizar esse universo da maneira mais eficiente. O berço da ciência moderna trazia a estrutura para que o ideal de controle da natureza pudesse ser realizado. A partir de então, essa relação entre ciência e técnica foi naturalmente se estreitando.
(Carlos Haag. “Natureza atormentada”.
https://revistapesquisa.fapesp.br, agosto de 2005. Adaptado.)
De acordo com o tema abordado pelo excerto, o “tormento” gerado em filósofos e cientistas contemporâneos se dá devido à problematização da
O trecho aproxima a expressão “natureza atormentada”, empregada por Francis Bacon no século XVII, ao que atormenta filósofos e cientistas no século XXI, ou seja, uma visão da natureza que visa a dominá-la e a controlá-la para as finalidades humanas. Essa visão, por sua vez, está associada à ideia de busca do progresso. Por diversos motivos, como o uso de produtos da técnica na guerra ou a destruição do meio ambiente, tal concepção utilitarista vem sendo questionada, ao lado da concepção de progresso relacionada a ela.