Se eu tivesse que responder à seguinte pergunta: O que é a escravatura? e respondesse sem hesitar: É o assassínio, o meu pensamento ficaria perfeitamente expresso. Não precisarei de fazer um grande discurso para mostrar que o poder de privar o homem do pensamento, da vontade e da personalidade, é um poder de vida e morte e que fazer de um homem escravo equivale a assassiná-lo. Por que, então, a essa outra pergunta: O que é a propriedade? não posso responder simplesmente: É o roubo, ficando com a certeza de que me entendem, embora esta segunda proposição não seja mais que a primeira, transformada?
(Pierre Joseph Proudhon. O que é a propriedade?, 1975.)
O texto, escrito em 1840, expressa uma posição
O texto de Proudhon destaca que a existência da propriedade seria um roubo, por estar relacionada, em sua visão, à usurpação daquilo que pertenceria ao coletivo em nome de interesses individuais. A existência da propriedade também seria uma forma de privar a humanidade de suas liberdades, do mesmo modo que a escravidão representaria um cerceamento do livre pensar. Essas concepções estão na origem do pensamento anarquista no século XIX, que almejava o fim da propriedade privada e do Estado como forma de garantir o desenvolvimento do coletivismo.