Carpe diem. É um lema latino que significa, lato sensu, “aproveita bem o dia” ou “aproveita o momento fugaz”. Esta expressão tem paralelo em línguas modernas, como no inglês: “Take time while time is, for time will away”.

(Carlos Alberto de Macedo Rocha. Dicionário de locuções e expressões da
língua portuguesa
, 2011. Adaptado.)

Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes versos de Fernando Pessoa:

  • a

    Hoje, Neera, não nos escondamos,
    Nada nos falta, porque nada somos.
         Não esperamos nada
          E temos frio ao sol.

  • b

    A realidade
    Sempre é mais ou menos
    Do que nós queremos.
    Só nós somos sempre
    Iguais a nós-próprios.

  • c

    Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no
                                                                            [Universo...
    Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra
                                                                             [qualquer
    Porque eu sou do tamanho do que vejo
    E não do tamanho da minha altura…

  • d

    Sofro, Lídia, do medo do destino.
    A leve pedra que um momento ergue
    As lisas rodas do meu carro, aterra
                    Meu coração.

  • e

    Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
    Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
    Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
                      (Enlacemos as mãos.)

O fragmento do poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, é uma expressão típica da tópica do carpe diem em versos como “Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos / Que a vida passa,”. A ideia de aproveitar o momento fugaz fitando o curso do rio revela a percepção concreta de que o mundo está em movimento e de que, portanto, cada segundo deve ser bem aproveitado.