O ano de 1985 foi um grande anúncio de ditadura finda, temperado pela exclusão de vozes que significaram alternativas no combate à ditadura, como se observou no silenciamento de importantes movimentos sociais [...], substituídos pelo olhar exclusivo para agentes da política institucional e da cena cultural dominante.

(Marcos Silva. Ditadura relativa e negacionismos, 2021.)

O excerto compreende o processo de redemocratização brasileiro nos anos 1980 como

  • a

    o despertar de uma consciência democrática ativa na população, que foi liderada por partidos políticos e movimentos sociais ligados ao regime.

  • b

    o desfecho definitivo da experiência militar autoritária, que perdeu a capacidade de resistir às pressões políticas dos partidos de oposição.

  • c

    o prevalecimento de um projeto de transição negociada, que evitou confrontar diretamente os responsáveis pela ditadura.

  • d

    a conjugação, no projeto de uma nova república, dos anseios e das reivindicações dos diversos setores da sociedade brasileira.

  • e

    a retomada, numa nova ordem constitucional, da tradição democrática brasileira, predominante desde o início da República.

Com o fracasso do chamado “milagre econômico”, a ditadura militar iniciou seu processo de abertura durante a presidência de Ernesto Geisel (1974-1979).

 Geisel prometeu uma abertura lenta, gradual e segura, a modo de garantir que, apesar da abertura os militares não fossem punidos por crimes ou violações cometidos durante o regime. É nesse cenário de controle da abertura política que foram aprovadas a Lei da Anistia (1979), o retorno ao pluripartidarismo (1979) e eleições diretas para governador (1982), importantes sinais para o retorno à democracia. Tal retorno,  porém, ocorreu de forma limitada: foram aprovadas medidas como a Lei Falcão (1976), limitando a propaganda política, e o pacote de abril (1977), que criou os “senadores biônicos”. Por fim, apesar de um amplo apoio da sociedade através da campanha das Diretas Já, o congresso não aprovou a emenda Dante de Oliveira em 1984, fazendo que o primeiro presidente civil pós-regime fosse escolhido de forma indireta, concretizando, assim, a saída negociada por Ernesto Geisel na sua abertura lenta, gradual e segura.