Gerações inteiras criaram-se à sombra de batalhas nucleares globais que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a qualquer momento, e devastar a humanidade. [...]

A peculiaridade da Guerra Fria era a de que, em termos objetivos, não existia perigo iminente de guerra mundial.

(Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991, 1995.)

A contradição entre os dois parágrafos do excerto justifica-se, pois havia

  • a

    uma retórica belicosa das duas superpotências, mas ambas auxiliaram-se mutuamente na preservação da neutralidade dos países que pertenciam às suas áreas de influência.

  • b

    discordâncias de ordem política entre Estados Unidos e União Soviética, mas os dois países desenvolveram conjuntamente com a ONU projetos de exploração espacial.

  • c

    divergências ideológicas entre Estados Unidos e União Soviética, mas os dois países unificaram seus serviços de inteligência e mantiveram estreita colaboração diplomática.

  • d

    tensões entre os setores militares dos Estados Unidos e da União Soviética, mas os dois países obedeciam às determinações e decisões pacificistas da OTAN e do Pacto de Varsóvia.

  • e

    um clima de contínuo medo, mas as duas superpotências evitaram tomar decisão que pudesse provocar um conflito bélico direto e concreto.

O texto do eminente historiador inglês Eric J. Hobsbawm aponta para um paradoxo da Guerra Fria: o medo provocado pela iminência da guerra nuclear (que levaria, talvez, à destruição de todo o planeta) e o fato de que um conflito era altamente improvável. Tal situação decorria do próprio poder destrutivo dos arsenais nucleares, que tornava um conflito em larga escala impossível de ser vencido – ou então, demasiadamente custoso em termos de destruição material e humana. Na década de 1960, foi criado o acrônimo MAD (Mutual Asssured Destruction/ Destruição Mútua Assegurada), para descrever o desfecho de um confronto nuclear, e o termo logo passou a fazer parte do jargão da Guerra Fria.