O crescimento urbano, ao criar um mercado potencial mais amplo, estimulou igualmente o crescimento das indústrias artesanais e de algumas fábricas que empregavam uma força de trabalho concentrada [...].

Deixando de lado as características peculiares dessa sociedade urbana em expansão, a razão para a crescente debilidade de qualquer expressão política especificamente urbana era a posição peculiar da cidade no sistema econômico e fiscal, consolidado pelo contínuo progresso do setor com base na exportação de produtos agrícolas e pecuários.

(Tulio Halperín Donghi. “A economia e a sociedade na América espanhola do
pós-independência”. In: Leslie Bethell (org.).
História da América Latina, v. 3, 2004.)

O excerto apresenta uma experiência histórica vivida por alguns países hispano-americanos, e também pelo Brasil, entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX. Tal situação

  • a

    gerou sucessivas crises econômico-financeiras na região e acentuou o controle imperialista estadunidense sobre o setor industrial e financeiro dos países do continente.

  • b

    resultou da ausência de burguesias nacionais capazes de conduzir o processo de reorganização econômica e de decolagem na direção de economias autônomas.

  • c

    provocou um deslocamento do controle do poder político do campo para a cidade e o aumento da influência política das classes médias e dos setores populares.

  • d

    derivou da combinação entre os processos de modernização urbana e a inserção das economias latino-americanas na divisão internacional do trabalho.

  • e

    proporcionou um desenvolvimento acelerado do segundo e do terceiro setores das economias nacionais e uma maior integração comercial no continente.

Entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, diversos países da América Latina consolidaram sua expansão industrial e a urbanização decorrente desse processo. Como um todo, tratava-se de economias predominantemente inseridas na agropecuária, com as fábricas concentradas em algumas poucas metrópoles nesses países. Porém, no início do século XX, por meio da substituição das importações, essas economias ampliaram significativamente os investimentos empresariais no setor industrial. 

Nota-se também a farta utilização de mão de obra imigrante europeia nas fábricas e,  nesse processo, houve o crescimento acelerado de grandes centros urbanos, que passaram a contar com tecnologias modernas características da 2ª Revolução Industrial (como automóveis, bondes elétricos, arranha-céus, cinemas e telecomunicações, etc.).