O luxo e a corrupção nasceram entre nós antes da civilização e da indústria. E qual será a causa principal de um fenômeno tão espantoso? A escravidão, senhores, a escravidão. Porque o homem que conta com os trabalhos diários de seus escravos vive na indolência, e a indolência traz todos os vícios após si.
(José Bonifácio de Andrada e Silva, 1825. Apud: Ynaê Lopes dos Santos.
História da África e do Brasil afrodescendente, 2017. Adaptado.)
A manifestação de uma das principais lideranças do país, logo após a independência política, revela a
A Independência, ocorrida no Brasil em 1822, foi um fenômeno essencialmente político e buscou conciliar os interesses da Coroa e das elites agrárias. A primeira garantiu, com a independência, que o Brasil mantivesse a monarquia, enquanto a segunda, ao se apoiar na família real, pôde fazer a independência longe dos anseios e participações populares, o que possibilitou a manutenção de privilégios, tais quais se destacam a escravidão e o latifúndio. O excerto apresentado traz críticas de José Bonifácio à manutenção das estruturas escravocratas no Brasil – o que foi amplamente desejado pela maior parte das elites agrárias – associando-as ao luxo e à corrupção que contrastam com a indústria e civilização.