O tópico clássico do locus amoenus está bem exemplificado nos seguintes versos do poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage:

  • a

    O ledo passarinho, que gorjeia
    D’alma exprimindo a cândida ternura,
    O rio transparente, que murmura,
    E por entre pedrinhas serpenteia:

  • b

    Já sobre o coche de ébano estrelado
    Deu meio giro a noite escura e feia;
    Que profundo silêncio me rodeia
    Neste deserto bosque, à luz vedado!

  • c

    Ante a doce visão com que me enlaças,
    Já murcho, estéril já, meu ser floresce:
    Mas súbito fantasma eis desvanece
    Chusma de encantos, que em teu sonho abraças:

  • d

    Já o Inverno, espremendo as cãs nevosas,
    Geme, de horrendas nuvens carregado;
    Luz o aéreo fuzil, e o mar inchado
    Investe ao Polo em serras escumosas;

  • e

    Quando por entre os véus da noite fria
    A máquina celeste observo acesa,
    Da angústia, de terror a imagens presa
    Começa a devorar-me a fantasia.

A expressão latina “locus amoenus” significa “lugar ameno” e é tópica literária frequente em diferentes períodos da história da literatura, especialmente entre os poetas do neoclassicismo. Textos que apresentam a natureza delicada e o ambiente bucólico, com a presença de flores, pássaros e as agradáveis sensações geradas por eles.  Versos como “O ledo passarinho, que gorjeia” e imagens como “rio transparente” e “pedrinhas” configuram a amenidade do local.