Na Europa medieval cristã, prevalecia a ideia de que a morte era a transição para uma vida espiritual plena. Os ritos fúnebres buscavam assegurar uma passagem organizada para esse outro plano e evita-se mostrar o processo de decomposição dos corpos. A chegada da peste negra rompeu com essa concepção. De acordo com a historiadora Juliana Schmitt, a doença deixava marcas no corpo, as pessoas morriam de repente, algumas em locais públicos. A ideia apaziguadora da morte, na concepção cristã, foi substituída pela ideia de morte caótica, causada pela peste. As imagens cotidianas relacionadas ao surto da doença passaram a ser reapresentadas no campo das imagens e na literatura, no que hoje se conhece como “estética macabra”. O que caracteriza as obras macabras é a ênfase dada aos processos de decomposição do corpo. A estética é anterior ao período medieval, mas foi impulsionada pela peste negra.

(Adaptado de Christina Queiroz, Pandemia como alegoria. Revista
Pesquisa Fapesp
. Edição 294. ago. 2020.)

Com base na imagem e no excerto, assinale a alternativa correta:

  • a

    A peste negra, enfrentada pela Europa do século XIV, afetou as representações da morte nas artes visuais, propondo reflexões sobre o potencial das ciências modernas para a resolução da peste à época.

  • b

    A estética do macabro, criada na Idade Média, é acionada pelas artes visuais como elemento valorizador da vida, gerando a negação dos contextos sanitários marcados pela peste e pela morte.

  • c

    A estética do macabro declinou no período medieval, ficando restrita a um ambiente religioso, católico e temente ao juízo final, como apresenta a obra através das figuras dos reis e das autoridades religiosas.

  • d

    A peste negra tornou-se uma referência presente na estética do macabro, que faz alusão a caveiras e cadáveres entre os vivos, compondo um ambiente festivo e aterrador.

O texto e a imagem da questão fazem referência à “estética da morte”, descrita no texto e surgida a partir da peste negra no período medieval. Além de afetar a representação artística da morte, a pandemia transformou a própria concepção que se tinha da morte, que deixou de ser vista como passagem serena e organizada para o além, e passou a ser vista como algo caótico e desordenado. A forma da “estética macabra” inclui uso de imagens de cadáveres e esqueletos, conforme afirmado na alternativa D e percebido na imagem.