A revolução das telecomunicações, iniciada no Brasil dos anos 70, foi um marco no processo de reticulação do território. Novos recortes espaciais, estruturados a partir de forças centrípetas e centrífugas, decorriam de uma nova ordem, de uma divisão territorial do trabalho em processo de realização. Do telégrafo ao telefone e ao telex, do fax e do computador ao satélite, à fibra óptica e à internet, o desenvolvimento das telecomunicações participou vigorosamente do jogo entre separação material das atividades e unificação organizacional dos comandos.

(Milton Santos e María Laura Silveira. O Brasil, 2006.)

No Brasil, a revolução das telecomunicações possibilitou

  • a

    o avanço de indicadores sociais, uma vez que facilitou o contato entre pessoas que habitam regiões remotas.

  • b

    o anonimato em mensagens eletrônicas, ainda que informações pessoais alimentem bancos de dados de empresas privadas.

  • c

    a participação das cidades na globalização, o que uniformizou as possibilidades de apropriação dos espaços pelo capital.

  • d

    a desconcentração industrial paulista, embora os centros corporativos estratégicos tenham permanecido centralizados.

  • e

    o rompimento do paradigma técnico-científico-informacional, o que contribuiu para democratizar a troca de mensagens entre as pessoas.

Seguindo uma tendência mundial, a revolução dos meios de telecomunicações no Brasil foi fundamental para promover a dispersão da produção industrial, concentradas anteriormente no estado de São Paulo que, desde a economia cafeeira no começo do século XX, havia desenvolvido as melhores “economias de aglomeração”. Destaca-se o fato de que os centros decisórios corporativos permaneceram situados na capital paulista, que apresenta infraestruturas importantes para o setor administrativo das empresas, como cobertura de internet de alta velocidade, ampla rede hoteleira e pavilhões de exposição e maior acessibilidade a partir de diversas rodovias e aeroportos nacionais e internacionais.