7961257

Leia o poema “Ausência”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder a questão.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

(Corpo, 2015.)



As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofrer modificação na forma. A este processo de enriquecimento vocabular pela mudança de classe das palavras dá-se o nome de “derivação imprópria”.

(Celso Cunha. Gramática do português contemporâneo, 2013. Adaptado.)

No contexto do poema “Ausência”, observa-se um exemplo de derivação imprópria no verso

  • a

    “Hoje não a lastimo.” 

  • b

    “A ausência é um estar em mim.” 

  • c

    “que rio e danço e invento exclamações alegres,” 

  • d

    “ninguém a rouba mais de mim.” 

  • e

    “Por muito tempo achei que a ausência é falta.”

Em “a ausência é um estar em mim”, a presença do artigo “um” indica que a palavra “estar” - comumente empregada como verbo – foi empregada como substantivo. Ao mudar de classe sem mudar de forma, a palavra sofreu derivação imprópria.