A construção de Brasília liga-se à questão regional do Brasil, que se colocou com intensidade na década de 1950, indicando a necessidade de se corrigirem desequilíbrios regionais. Mas, no Plano Piloto, vive uma minoria da população total de Brasília. O Plano Piloto não existiria sem as cidades-satélites, onde reside a maior parte dos trabalhadores, um contingente de pedreiros, motoristas, auxiliares de escritórios, serventes, encarregados de segurança, balconistas, etc. Brasília, dessa forma, é uma só cidade, do Plano Piloto às cidades-satélites. Assim, torna-se difícil aceitar a ideia de que Brasília foi projetada para antecipar um futuro mais igualitário.
(Adaptado de José William Vesentini, A capital da geopolítica. São Paulo: Ática, 1986, p. 116-117, 144-145 e 148.)
a) Quais os objetivos oficiais para a construção de Brasília?
b) Segundo o texto, por que é “difícil aceitar a ideia de que Brasília foi projetada para antecipar um futuro mais igualitário” para a sociedade brasileira?
a) Os objetivos da construção de Brasília no início dos anos de 1960 por Juscelino Kubitschek estão ligados às questões de integração nacional. A capital deslocada para o interior estimularia o povoamento do planalto central do país e desvincularia a sede da política republicana do eixo econômico consolidado no Sudeste. Também figuravam objetivos ligados à segurança nacional e questões simbólicas relacionadas às ideias de progresso e modernidade.
b) Segundo o texto, Brasília fracassou em seu projeto igualitário de promoção de um maior equilíbrio regional e social, pois o Plano Piloto não conseguiu englobar toda a população trabalhadora que serve de mão de obra na cidade. Contrário ao Plano Piloto, que foi projetado, as cidades-satélites crescem desordenadamente no entorno, excluindo a maior parte da população de um espaço idealizado, teoricamente, para permitir a participação democrática.