a) Dentre os elementos que caracterizam o “trabalho análogo à escravidão” no Brasil, pode-se citar: as condições degradantes de trabalho, consideradas incompatíveis com a dignidade humana, com graves violações dos direitos fundamentais do trabalhador e que colocam sua saúde e vida em risco; trabalho forçado, em que o trabalhador é mantido em seu serviço devido ao isolamento geográfico, prática de ameaças e ocorrência de violência física e psicológica; escravidão por dívida, pois o trabalhador é ilegalmente obrigado a contrair débitos relativos a viagens, moradia e alimentação, e assim fica impedido de deixar o serviço enquanto não quitá-los, algo nem sempre possível devido aos baixos salários recebidos.

b) As três principais regiões onde se concentra o “trabalho análogo à escravidão” por dívida são Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os trabalhadores submetidos a essa condição predominam na área de mineração, em carvoarias, na agricultura e na pecuária.

c) Uma das formas mais tradicionais de arregimentação de pessoas para essa condição de trabalho ocorre por meio da ação do “gato”, indivíduo que se dirige para cidades extremamente pobres, prometendo boas condições de trabalho em locais indicados por ele. Além dessa ação, parte do trabalho análogo à escravidão também ocorre por meio de uma rede informal, composta muitas vezes pelos próprios trabalhadores. Alguns deles, após realizarem atividades temporárias, tornam-se aliciadores, convencendo seus parentes e vizinhos a uma “nova” forma de vida.