O papel da imprensa, como agente histórico, foi decisivo para a Independência do Brasil na medida em que significou e ampliou espaços de liberdade de expressão e de debate político, que formaram e interferiram no quadro da separação de Portugal e de início da edificação da ordem nacional. A palavra impressa no próprio território do Brasil era então uma novidade que circulava e ajudava a delinear identidades culturais e políticas e constituiu-se em significativo mecanismo de interferência, com suas singularidades e interligada a outras dimensões daquela sociedade que aliava permanências e mutações.
Marco Morel, Independência no papel: a imprensa periódica. I. Jancsó (org.).
Independência: história e historiografia. Adaptado.
a) Explique por que a imprensa pode ser considerada “uma novidade” no Brasil à época da Independência.
b) O texto se refere a “outras dimensões daquela sociedade que aliava permanências e mutações”. Dê dois exemplos dessas dimensões, relacionando-as com o “início da edificação da ordem nacional” no Brasil da época da Independência.
a) Porque foi somente com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808 e a subsequente criação da Imprensa Régia que ocorreu a implantação da imprensa na colônia, visto que essa poderia servir de meio restrito às elites coloniais ou possível ameaça ao predomínio metropolitano.
b) O processo da independência transcorreu no quadro de uma sociedade escravocrata e sob um estado monárquico. A ruptura com Portugal apontava para a edificação da ordem nacional nas dimensões da manutenção ou não tanto da monarquia quanto da escravidão.
Além disso, adquiriu particular relevância a questão da unidade territorial ou da fragmentação da colônia, vista na época como um "arquipélago" socioeconômico e cultural. Nesse aspecto, as ideias republicanas apareciam associadas aos exemplos do federalismo estadunidense e da quebra da unidade política onipresente na América espanhola.