O texto a seguir é fragmento de um artigo de divulgação científica.
A preferência pela mão esquerda ou direita provavelmente é resultado de um processo complexo, que envolve fatores genéticos e ambientais. O novo estudo, fruto de uma colaboração internacional, é a maior análise genética focada em canhotos da história: utilizou dados de 1,7 milhão de pessoas, extraídos de bancos como o UK Biobank e a empresa privada 23andMe. Comparando os genomas de destros, canhotos e ambidestros. Um "par de bases" é, grosso modo, uma letrinha do DNA (A, T, C ou o G). Cada gene contém as instruções para fabricar uma proteína. Uma mudança em uma única letrinha do gene é capaz de mudar a sequência de tijolinhos que constroem essa proteína, e, por tabela, sua função. Ou seja: o que os geneticistas encontraram foram 41 letrinhas de DNA que aparecem só em pessoas canhotas. Daí até saber o que exatamente essas letrinhas mudam é outra história.
B. Carbintto, "Estudo identifica 41 variações no genoma associadas a pessoas canhotas". Adaptado.
a) Retire do texto duas características linguísticas que permitem classificá-lo como artigo de divulgação científica.
b) Quais os sentidos, no texto, gerados pelo emprego do diminutivo nas palavra "letrinha(s)" e "tijolinhos"? Explique.
a) Do ponto de vista linguístico, há várias marcas que caracterizam o texto da questão como um “artigo de divulgação científica”. O candidato poderia citar o emprego da 3ª pessoa do singular – que cria o efeito de sentido de objetividade, próprio da função referencial, predominante em tal gênero discursivo – e o uso de expressões típicas do discurso científico – os famosos “jargões”, como “análise genética” e “genomas”. Nota-se, também, a preocupação em facilitar a compreensão do tema pelo público leigo, reforçada pela utilização de expressões como “grosso modo” e “ou seja” ao longo do artigo, além de estruturas de frases simples, coordenadas, encadeando os raciocínios de forma a facilitar o entendimento do texto.
b) O emprego do diminutivo funciona como uma estratégia de “simplificação” da linguagem científica, a fim de proporcionar maior aproximação entre o enunciatário e o enunciado. O trecho “uma mudança em uma única letrinha do gene é capaz de mudar a sequência de tijolinhos” ilustra bem esta relação: o que parece ser algo muito simples do ponto de vista do leigo é uma mudança substancial do ponto de vista científico. Parte-se do pressuposto de que há uma falta de “intimidade” entre aquele que lê o artigo científico e a linguagem utilizada para desenvolver o tema.