Examine a capa e o texto extraídos de uma revista para responder à questão.

Fumar era normal. As pessoas acendiam o primeiro cigarro logo ao acordar, e repetiam o gesto dezenas de vezes durante o dia, em absolutamente todos os lugares: lojas, restaurantes, escritórios, consultórios, aviões (tinha gente que fumava até no chuveiro). Ficar sem cigarro, nem pensar - tanto que ir sozinho comprar um maço para o pai ou a mãe, na padaria da esquina, era um rito de passagem para muitas crianças. Olhamos para trás e nos surpreendemos ao perceber como as pessoas se deixavam escravizar, aos bilhões, por algo tão nocivo. Enquanto fazemos isso, porém, vamos sendo dominados por um vício ainda mais onipresente: o smartphone. Vivemos grudados em nossos smartphones porque eles são úteis e divertidos. Mas o que pouca gente sabe é o seguinte: por trás dos ícones coloridos e apps de nomes engraçadinhos, as gigantes da tecnologia fazem um esforço consciente para nos manipular, usando recursos da psicologia, da neurologia e até dos cassinos. "O smartphone é tão viciante quanto uma máquina caça-níqueis", diz o americano Tristan Harris. E o caça-níqueis, destaca ele, é o jogo que mais causa dependência: vicia três a quatro vezes mais rápido que outros tipos de aposta. "Quando desbloqueamos o celular e deslizamos o dedo para atualizar nosso e-mail ou ver a foto seguinte numa rede social, estamos jogando caça-níqueis com o smartphone", afirma Harris.

B. Garattoni e E. Szklarz, "Smartphone - o novo cigarro". Adaptado.

a) Qual a relação de sentido entre a imagem da capa e a manchete "Smartphone - o novo cigarro"?

b) De acordo com o texto de Garattoni e Szklarz, explique por que o vício em smartphone é mais parecido com o vício em caça-níqueis do que com o vício em cigarro.

a) A manchete Smartphone – o novo cigarro” promove uma analogia entre o cigarro e o smartphone, dada a capacidade que ambos têm de viciar seus usuários. A imagem de capa confirma e ilustra essa analogia ao apresentar um usuário de smartphone, cuja face é tragada pelo aparelho. Com esse gesto de tragar, típico do consumo de cigarro, confirma-se a ideia de que usar esses equipamentos vicia tanto quanto fumar.

b) Segundo o texto, o vício em smartphones é mais parecido com o vício em caça-níqueis do que com o causado pelo cigarro. Segundo citação de Tristan Harris, o smartphone tem a mesma capacidade de viciar que os caça-níqueis – os quais, ainda segundo ele, viciam de três a quatro vezes mais que os demais jogos –, e mesmo o gesto de desbloquear o celular e deslizar o dedo para ter acesso ao conteúdo de redes sociais é análogo ao de jogar nessas máquinas.

Embora o texto não explicite, pode-se inferir que a rapidez dos estímulos, a instantaneidade dos resultados e a expectativa renovada a cada lance fazem dos caça-níqueis um parâmetro de comparação mais adequado para os smartphones do que o cigarro, cuja dependência se constitui mais lentamente, por meio da reiterada inalação de substâncias químicas.