Leia a definição abaixo e a transcrição de parte do vídeo feito por Regina Casé e a filha Benedita no dia do surdo.

Ca·pa·ci·tis·mo (s.m.)

termo usado para descrever a discriminação e a opressão contra pessoas com deficiência, que abrange desde a acessibilidade até a forma como a sociedade trata essas pessoas.

Essa aqui é a Benedita, minha filha. Ela tem uma perda auditiva severa. Ela teve essa perda quando era muito bebezinha. Desde então, eu vi que as pessoas têm muita dificuldade de se comunicar com ela. Ficam agoniadas quando percebem que ela não escuta ou que ela usa aparelho. Então, nós duas resolvemos ajudar um pouquinho, com nossa experiência, nessa comunicação com situações do dia a dia. Por exemplo: não dá para falar de costas para a pessoa, porque muitas vezes ela depende da leitura labial para entender. Outro exemplo: não precisa gritar porque volume (alto-baixo) é uma coisa completamente diferente de frequência (agudograve). Outra coisa que acontece direto: em vez de falarem com a pessoa surda, perguntam para a pessoa que está do lado. E para terminar, é uma loucura quando alguém fala: `Nossa, mas ela é tão linda! Ninguém diz que ela é surda´. Procure saber o que é capacitismo e daqui para frente seja anticapacitista! Ela é linda. E é surda!

(Adaptado de Regina Casé. Disponível em https://www.instagram.com/
tv/CFmrEqylXpI/?utm_source=ig_embed.)

a) Considerando as noções de capacitismo e anticapacitismo, explique o uso de “mas” e de “e” nas frases “Nossa, mas ela é tão linda!” “Ela é linda. E é surda!”.

b) Apontando as dificuldades de comunicação com uma pessoa surda, Regina Casé observa que uma situação frequente é o interlocutor dirigir-se a quem está ao lado da pessoa. Nesse caso, trata-se de uma atitude capacitista ou anticapacitista? Explique.

a) Em “Nossa, mas ela é tão linda!”, a conjunção “mas” estabelece relação de oposição entre ser bela e ser portadora de deficiência (no caso, auditiva), como se essas características não fossem compatíveis entre si, o que é uma manifestação de capacitismo, ou seja, de preconceito contra a pessoa com deficiência. A substituição da conjunção adversativa “mas” pela conjunção aditiva “e” elimina a relação de oposição entre as ideias e deixa claro que a beleza e a surdez são compatíveis. Ao propor essa substituição, a enunciadora manifesta uma postura anticapacitista por explicitar o preconceito existente na frase anterior e, assim, posicionar-se contra ele.

b) Trata-se de uma atitude capacitista, uma vez que assume, apriorística e preconceituosamente, que a pessoa portadora de deficiência é incapaz de se comunicar sozinha.