Na primeira bica abasteciam os negros, forros e cativos, os mulatos e os índios; na segunda, os moiros das galés, e os da primeira bica, quando fosse necessário; a terceira e quarta estavam reservadas aos homens e moços brancos; na quinta enchiam as mulheres pretas e na sexta, as mulheres e moças brancas. A quem infringisse esta ordem eram aplicados severos castigos — açoitamento com baraço e pregão, ao redor do Chafariz, sendo de cor; 2 000 réis de multa e três dias de cadeia, sendo branco o prevaricador.

CAETANO, J. O. Chafarizes de Lisboa. Lisboa: Distri, 1991.

A organização dos consumidores nos chafarizes públicos de Lisboa no século XVI, descrita no texto, expressava a

  • a

    escassez de recursos hídricos. 

  • b

    reprodução de distinções sociais. 

  • c

    prevenção da transmissão de doenças. 

  • d

    obsolescência das técnicas de fornecimento. 

  • e

    ineficiência da cobertura de serviços estatais.

A sociedade lisboeta do século XVI tornara-se cada vez mais heterogênea com a expansão marítima e o incremento do comércio de escravos. Conforme o texto demonstra, os chafarizes públicos de Lisboa possuíam uma regra de utilização. Os consumidores eram organizados com base em critérios raciais e de gênero, refletindo distinções sociais existentes à época. Esse ponto fica ainda mais evidente ao observar as punições distintas para brancos e negros.