Ponto morto
A minha primeira mulher
se divorciou do terceiro marido.
A minha segunda mulher
acabou casando com a melhor amiga dela.
A terceira (seria a quarta?)
detesta os filhos do meu primeiro casamento.
Estes, por sua vez, não suportam os filhos
do terceiro casamento da minha primeira mulher.
Confesso que guardo afeto pelas minhas ex-sogras.
Estava sozinho
quando um dos meus filhos acenou para mim no
meio do engarrafamento.
A memória demorou para engatar seu nome.
Por segundos, a vida parou em ponto morto.
MASSI, A. A vida errada. Rio de Janeiro: 7Letras, 2001.
No poema, a singularidade da situação representada é efeito da correlação entre
O singular efeito expressivo do poema decorre da associação estabelecida entre as relações familiares e a dinâmica de vida no espaço urbano, como afirma a alternativa B.
As relações familiares são expressas por meio das referências a esposas, filhos e ex-sogras do enunciador, somadas à menção aos relacionamentos familiares dessas pessoas com outros parentes.
A dinâmica de vida no espaço urbano aparece nos versos finais do poema, quando o enunciador se refere ao aceno de seu filho “no meio do engarrafamento”. Além disso, um dos sentidos atribuídos às expressões “ponto morto” e “engatar”, no texto, pertence à esfera do automobilismo, que está intimamente ligada à dinâmica de vida no espaço urbano.