Aquele que ousa empreender a instituição de um povo deve sentir-se com capacidade para, por assim dizer, mudar a natureza humana, transformar cada indivíduo, que por si mesmo é um todo perfeito e solitário, em parte de um todo maior, do qual de certo modo esse indivíduo recebe sua vida e seu ser; alterar a constituição do homem para fortificá-la; substituir a existência física e independente, que todos nós recebemos da natureza, por uma existência parcial e moral. Em uma palavra, é preciso que destitua o homem de suas próprias forças para lhe dar outras […] das quais não possa fazer uso sem socorro alheio.

(Jean-Jacques Rousseau. Do contrato social, 1978.)

De acordo com a teoria contratualista de Rousseau, é necessário superar a natureza humana para

  • a

    assegurar a integridade do soberano. 

  • b

    conservar as desigualdades sociais. 

  • c

    evitar a guerra de todos contra todos. 

  • d

    promover a efetivação da vontade geral. 

  • e

    garantir a preservação da vida.

O fragmento indica a necessidade de transformar o indivíduo em parte do todo, “do qual esse indivíduo recebe sua vida e seu ser”. Trata-se de uma referência ao conceito de vontade geral, fundamental na filosofia política de Rousseau. Segundo o pensador francês, um corpo coletivo é diferente de uma mera soma de indivíduos, e o contrato só é possível quando essa coletividade expressa sua vontade geral (por sua vez, diferente da soma das vontades individuais). Assim, respeitando-se a vontade geral, criam-se condições para o surgimento da democracia.