O consumo dos alimentos nas propriedades de monocultura de cana-de-açúcar estava […] baseado no que se podia produzir nas brechas de um grande sistema subordinado ao mercado externo, resultando em uma grande quantidade de farinha de mandioca, feijões de diversos tipos, batata-doce, milho e cará comidos com pouco rigor, além de uma cultura do doce, cristalizada na mistura das frutas com açúcar refinado e simbolizada, popularmente, pela rapadura.
(Paula Pinto e Silva. “Sabores da colônia”. In: Luciano Figueiredo (org).
História do Brasil para ocupados, 2013.)
O texto caracteriza formas de alimentação no Brasil colonial e revela
A montagem da colonização do Brasil, entre outros aspectos, foi justificada pela organização de um sistema produtivo agrícola alinhado aos princípios econômicos do Mercantilismo. O açúcar, produto de grande valor monetário naquele período, foi priorizado dentre as atividades econômicas que poderiam ser organizadas no Brasil. O produto era feito em plantations — latifúndios, monocultores e escravistas, cuja produção era voltada majoritariamente aos mercados externos, pois havia a prioridade dos lucros metropolitanos. No entanto, é importante destacar que, dentro das fazendas, também havia produções de gêneros alimentícios voltados para a subsistência das pessoas que viviam na propriedade. Assim, pode-se compreender a existência de uma articulação entre um sistema de produção voltado ao atendimento das necessidades e interesses da metrópole e as estratégias de abastecimento interno.