Alferes, Ouro Preto em sombras
Espera pelo batizado,
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.
Raios de sol brilharão nos sinos:
Dez vias dar.
Ai Marília, as liras e o amor
Não posso mais sufocar
E a minha voz irá
Pra muito além do desterro e do sal,
Maior que a voz do rei.
Aldir Blanc e João Bosco, trecho da canção "Alferes", de 1973.
A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso
Considerando a informação de que a canção de João Bosco e Aldir Blanc foi composta em 1973, podem-se relacionar os sonhos de liberdade defendidos pelo alferes com a resistência contra o contexto de autoritarismo e de opressão da ditadura militar, regime político que perdurou de 1964 até 1985.
Obs.: O excerto da canção apresentou um pequeno erro: o último verso da primeira estrofe é “dez vidas dar”.