Leia o poema e responda à questão que se segue.

A fermosura desta fresca serra
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;

o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do Sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;

enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos oferece,
se está, se não te vejo, magoando.

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando,
nas mores alegrias, mor tristeza. 

É correto afirmar que, no soneto de Camões,

  • a

    a beleza natural aborrece o eu lírico, uma vez que se transforma em objeto de suas maiores tristezas.

  • b

    a variedade da paisagem está em harmonia com o sentimento do eu lírico porque a relação amorosa é imperfeita. 

  • c

    a harmonia da natureza consola o eu lírico das imperfeições da vida e da ausência da pessoa amada. 

  • d

    a singularidade da natureza entristece o eu lírico quando ele está distante da pessoa amada.

No soneto camoniano em questão, a natureza, mesmo em seus espetáculos mais singulares, perde seu sentido e beleza quando o enunciador está afastado da pessoa amada. A alteração na forma como o ambiente é percebido em função do estado psicológico do eu é uma tópica recorrente em sonetos clássicos e neoclássicos.