A casa de morar nas fazendas ou o palacete foram em geral construídos a partir de 1870. Representavam o poderio econômico e político do proprietário, assim como o gênero da pintura de paisagem que, segundo o historiador Rafael Marquese, foi mobilizado pela classe senhorial do Vale do Paraíba como uma resposta direta à crise da escravidão negra no Império do Brasil.
(Adaptado de Ana Luiza Martins, “Representações da economia cafeeira: dos barões
aos ‘Reis do café’, em Wilma Peres Costa e Ana Betraiz Demarchi Barel (orgs.),
Cultura e Poder entre o Império e a República. São Paulo: Alameda, 2018, p. 195.)
A partir do texto acima, é correto afirmar:
A produção cafeeira do Vale do Paraíba, implementada desde o início do século XIX, utilizava uma infraestrutura montada para atender determinadas demandas da atividade mineradora do século XVIII. Destaca-se nesse contexto o acesso aos mercados de escravizados que chegavam ao Brasil e aportavam nas cidades do Rio de Janeiro e Paraty – cidades próximas ao Vale do Paraíba. Assim, a produção cafeeira da região utilizava, principalmente, a mão de obra de cativos de origem africana. Desde 1850, a escravidão no Brasil entrou em decadência, em função da abolição do tráfico de escravizados determinada pela lei Eusébio de Queirós. A partir de então, ficou cada vez mais difícil a compra de escravizados, o que acarretou problemas produtivos para as fazendas da região. Nesse cenário, as elites cafeicultoras do Vale do Paraíba, buscando reafirmar suas posições sociais, investiram em símbolos de opulência, tais como construções de “palacetes” (casas de morar) e em obras de arte que retratavam a beleza e a riqueza das fazendas.