Certas imagens literárias podem tornar-se nucleares para uma cultura. Assim, por exemplo, a figura do marinheiro em Portugal. Ela adquire significados diferentes em períodos históricos distintos, mas conserva um elemento permanente. A semelhança entre a imagem do marinheiro em Camões e em Fernando Pessoa reside
A imagem do marinheiro é fundamental no discurso épico de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, poema em que os navegadores são exaltados pela coragem de enfrentar o mar desconhecido, ampliando os limites do império lusitano e do cristianismo. Nesse caso, os marinheiros representavam aspirações coletivas de consolidação do poder ultramarino de Portugal. Já Fernando Pessoa, na peça O Marinheiro, utiliza da imagem do marinheiro para mostrar que as “travessias” e os “riscos” podem se dar também no plano individual, por meio da valorização do sonho e da imaginação.