A Guerra de Canudos foi um dos mais emblemáticos conflitos dos primeiros momentos da República brasileira. De um lado, a ideia de República associada, por seus defensores, à modernidade, à ciência, à razão, à laicidade do Estado e ao progresso, embalada em grande parte pela ideologia positivista e pela Belle Époque. Do outro, um Brasil profundo, rural, fortemente religioso e muito pobre, sob o tacão da concentração de terras e do coronelismo.

Para o ataque oficial ao Arraial de Canudos, o governo usou como argumento a simpatia ao regime monárquico por parte de Antônio Conselheiro e a rebeldia de seus moradores às autoridades republicanas. A guerra se tornava, na narrativa oficial, a luta do futuro contra o passado e da civilização contra a barbárie — versão acolhida e repetida por grande parte da imprensa e opinião pública da época.