Bandeira do Brasil, és hoje a única. Hasteada a esta hora em todo o território nacional, única e só, não há lugar no coração do Brasil para outras flâmulas, outras bandeiras, outros símbolos. Os brasileiros se reuniram em torno do Brasil e decretaram desta vez com determinação de não consentir que a discórdia volte novamente a dividi-lo!

Discurso do Ministro da Justiça Francisco Campos na cerimônia da festa da bandeira, em novembro de 1937. Apud OLIVEN, G. R. A parte e o todo: a diversidade cultural do Brasil Nação. Petrópolis: Vozes, 1992. 

O discurso proferido em uma celebração em que as bandeiras estaduais eram queimadas diante da bandeira nacional revela o pacto nacional proposto pelo Estado Novo, que se associa à 

  • a

    supressão das diferenças socioeconômicas entre as regiões do Brasil, priorizando as regiões estaduais carentes. 

  • b

    orientação do regime quanto ao reforço do federalismo, espelhando-se na experiência política norte-americana. 

  • c

    adoção de práticas políticas autoritárias, considerando a contenção dos interesses regionais dispersivos. 

  • d

    propagação de uma cultura política avessa aos ritos cívicos, cultivados pela cultura regional brasileira. 

  • e

    defesa da unidade do território nacional, ameaçado por movimentos separatistas contrários à política varguista.

A Constituição de 1937 criou, durante o Estado Novo, um regime político autoritário direcionado ao fortalecimento do nacionalismo, guiado por seu líder, Getúlio Vargas. Este usou, por exemplo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) para construir e consolidar a valorização dessa ditadura brasileira. A celebração da queima das bandeiras estaduais em favor da nacional simbolizou a determinação da unidade brasileira acima dos interesses regionais, os quais, de acordo com o texto, criariam a discórdia e a fragmentação da nação.