TEXTO I
Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população de cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a importância histórica da lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa não cabe em cifras.
ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
TEXTO II
Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em toda parte.
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentos apresentados no Texto II é o(a)
Segundo os textos apresentados, já era corriqueiro, à época da abolição, a existência de um grande contingente de afrodescendentes livres no Brasil. Portanto, a abolição de fato do cativeiro representou mais uma vitória política e simbólica (no sentido de determinar como ilegal a noção de posse de um ser humano por outro) do que social, porque a liberdade de pessoas negras já não era um elemento inédito, e nem sequer raro, no Brasil do fim do século XIX.
Dentre os fatores que contribuíram para esse grande número de pessoas negras livres estão as estratégias de resistência perpetradas pelo povo negro durante todo o período de escravização, como fugas e construção de quilombos, apadrinhamento de seus filhos por pessoas de boa posição social, compra de alforria de famílias inteiras, que se uniam no auxílio de um parente por vez, sociedades abolicionistas que criaram fundos destinados à compra de alforrias, irmandades católicas negras que se organizavam para libertar seus associados e assim por diante.
Também representaram um papel importante a legislação abolicionista que precedeu a Lei Áurea – a Lei Eusébio de Queirós (1850), proibindo o tráfico transatlântico, a Lei do Ventre Livre (1871), que libertava os filhos de mulheres escravizadas e permitia o pecúlio, ou seja, a economia de dinheiro para a compra de liberdade, e a Lei dos Sexagenários (1885), que libertava os escravizados com mais de sessenta anos.
Gabarito oficial: E