“O que é então o verossímil? Para encurtar: tudo aquilo em que a confiança é presumida. Por exemplo, os juízes nem sempre são independentes, os médicos nem sempre capazes, os oradores nem sempre sinceros. Mas presumese que o sejam; e, se alguém afirmar o contrário, cabe-lhe o ônus da prova. Sem esse tipo de presunção, a vida seria impossível; e é a própria vida que rejeita o ceticismo.”
(Olivier Reboul, Introdução à retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 97-98.)
Considerando o segundo “Sermão da Quarta-feira de Cinza” (1673), de Antonio Vieira, é correto afirmar que a presunção de confiança por parte do auditório cristão do século XVII decorre da
A presunção de confiança por parte do auditório cristão do século XVII explica-se pelo contexto cultural do período, fortemente marcado pela religiosidade contrarreformista. Essa religiosidade firmava-se na crença da vida pós-morte. A destinação final e eterna das almas (fosse no céu, fosse no inferno) dependia das ações dos fieis na vida terrena, o que explica a confiança nos direcionamentos morais propostos pela Igreja Católica.