Leia o trecho do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira.

O sapo-tanoeiro

[...]

Diz: — “Meu cancioneiro

É bem martelado.

Vede como primo

Em comer os hiatos!

Que arte! E nunca rimo

Os termos cognatos.

O meu verso é bom

Frumento sem joio.

Faço rimas com

Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos

Que lhes dei a norma:

Reduzi sem danos

A formas a forma.

Clame a saparia

Em críticas céticas:

Não há mais poesia

Mas há artes poéticas...”

(Estrela da vida inteira,1993)

No trecho, o “sapo-tanoeiro” representa uma sátira aos

  • A

    modernistas.

  • B

    românticos.

  • C

    naturalistas.

  • D

    parnasianos.

  • E

    árcades.

O poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, foi apresentado ao público na Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922, por Ronald de Carvalho. Tal poema fazia clara referência aos poetas do Parnasianismo, movimento de orientação artística academicista, que buscava a perfeição estética e formal, tal como um joalheiro. Essa forma poética era rejeitada amplamente pelos modernistas. Notam-se as sátiras do poeta nos trechos em que ele cita os versos parnasianos, geralmente marcados pela erudição e pela retórica elaborada: “Vede como primo / Em comer os hiatos! / Que arte! E nunca rimo / Os termos cognatos.”