A construção de Brasília pode ser considerada a principal meta do Plano de Metas [...]. Para alguns analistas, a nova capital seria o elemento propulsor de um projeto de identidade nacional comprometido com a modernidade, cuja face mais visível seria a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Ao mesmo tempo, no entanto, a interiorização da capital faria parte de um antigo projeto de organização espacial do território brasileiro, que visava ampliar as fronteiras econômicas rumo ao Oeste e alavancar a expansão capitalista nacional.
(Marly Motta. “Um presidente bossa-nova”. In: Luciano Figueiredo (org.). História do Brasil para ocupados, 2013.)
O texto expõe dois significados da construção de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek. Esses dois significados relacionam-se, pois
O mote principal do Governo de Juscelino Kubistchek foi o desenvolvimentismo, ou seja, o alargamento das relações capitalistas aliando as ações do Estado brasileiro e da burguesia nacional ao capital estrangeiro. Nesse cenário, JK buscou ampliar as atividades industriais, extrativistas e agrícolas do país. No entanto a realidade socioeconômica do Brasil escancarava uma evidente desigualdade, que se notava inclusive na ocupação do território. O projeto de construir Brasília, além de significar o grande símbolo da modernidade, buscava também levar desenvolvimento para uma região até então bastante inóspita do território nacional. Assim, esses dois significados, o da modernidade e do avanço da expansão capitalista desenvolvimentista, estão relacionados aos esforços daquele Governo para a construção da nova capital.