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Nem existia Brasil no começo dessa história. Existiam o Peru e o México, no contexto pré-colombiano, mas Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Canadá, não. No que seria o Brasil, havia gente no Norte, no Rio, depois no Sul, mas toda essa gente tinha pouca relação entre si até meados do século XVIII. E há aí a questão da navegação marítima, torna-se importante aprender bem história marítima, que é ligada à geografia. [...] Essa compreensão me deu muita liberdade para ver as relações que Rio, Pernambuco e Bahia tinham com Luanda. Depois a Bahia tem muito mais relação com o antigo Daomé, hoje Benin, na Costa da Mina. Isso formava um todo, muito mais do que o Brasil ou a América portuguesa. [...]

Nunca os missionários entraram na briga para saber se o africano havia sido ilegalmente escravizado ou não, mas a escravidão indígena foi embargada pelos missionários desde o começo, e isso também é um pouco interesse dos negreiros, ou seja, que a escravidão africana predomine. [...] A escravização tem dois processos: o primeiro é a despersonalização, e o segundo é a dessocialização.

(Luiz Felipe de Alencastro. Entrevista a Mariluce Moura.
“O observador do Brasil no Atlântico Sul”.
In: Revista Pesquisa Fapesp
, no  188, outubro de 2011.)



A “despersonalização” e a “dessocialização” dos escravizados podem ser associadas, respectivamente,

  • a

    ao fato de que os escravos eram identificados por números marcados a ferro e à interdição do contato entre os cativos e seus senhores.

  • b

    à noção do escravo como mercadoria e ao fato de que os africanos eram extraídos de sua comunidade de origem.

  • c

    à noção do escravo como tolerante ao trabalho compulsório e ao fato de que ele era proibido de fazer amizades ou constituir família.

  • d

    ao fato de que os escravos eram etnologicamente indistintos e à proibição de realização de festas e cultos.

  • e

    à noção do escravo como desconhecedor do território colonial e ao fato de que ele não era reconhecido como brasileiro.

Analisando as características da escravidão, pode-se dizer que o escravizado era “dessocializado”, pois era extraído de sua comunidade sem qualquer consentimento e também era “despersonalizado” porque era considerado uma mercadoria, com valor monetário, passível de ser comercializado. Nesse cenário, destaca-se historicamente o tráfico de escravizados africanos para o Brasil, que ocorreu de forma contínua desde meados do século XVI até meados do século XIX, quando foi abolido pela lei Eusébio de Queirós de 1850.