A Odisseia choca-se com a questão do passado. Para perscrutar o futuro e o passado, recorre-se geralmente ao adivinho. Inspirado pela musa, o adivinho vê o antes e o além: circula entre os deuses e entre os homens, não todos os homens, mas os heróis, preferencialmente mortos gloriosamente em combate. Ao celebrar aqueles que passaram, ele forja o passado, mas um passado sem duração, acabado.
(François Hartog. Regimes de historicidade:
presentismo e experiências do tempo, 2015. Adaptado.)
O texto afirma que a obra de Homero
A Odisseia, atribuída ao poeta Homero, é uma das mais importantes obras literárias do ocidente. O autor do texto do enunciado faz referência a essa obra trazendo uma interpretação acerca da visão de passado trazida pela obra. Associando essa visão de passado ao “adivinho” e suas relações com o passado e o futuro, com deuses e heróis, acaba se relacionando ao pensamento mítico. Como o mito precede a história e é atemporal, isso contrasta com a ideia de temporalidade que caracteriza a história.