Sua professora de Geografia abriu um fórum no ambiente virtual da disciplina para discutir o tópico “IDH e crescimento do PIB como indicadores de desenvolvimento” e propôs as seguintes questões: a) Observe a classificação do Brasil nos rankings apresentados nos gráficos 1 e 2; b) Interprete os textos 3, 4 e 5; e c) Indique se haveria diferenças no desenvolvimento social do Brasil caso o país optasse por uma política econômica que tenha como consequência uma melhor classificação no ranking do IDH ou no ranking do crescimento do PIB.
Publique uma postagem nesse fórum, na qual, a partir da leitura dos textos indicados abaixo, você deve: a) apontar em qual ranking o Brasil subiria se privilegiasse os aspectos qualidade de vida e igualdade no desenvolvimento social; b) apresentar as consequências de priorizar o consumo para o desenvolvimento social; e c) argumentar em favor do seu ponto de vista.
1.
PIB significa Produto Interno Bruto, medida que representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período.
2.
IDH significa Índice de Desenvolvimento Humano, medida concebida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população.
3.
Um breve conjunto de informações para nos fazer repensar as relações de consumo:
• A indústria da moda é a segunda maior consumidora de água no mundo. Só perde para a do petróleo.
• Estima-se que 17% a 20% da poluição da água industrial vem de tingimento e tratamento têxtil.
• Cerca de 15% a 20% de tecido é desperdiçado a cada peça cortada. E tecido não é reciclável.
• Estima-se que 10% das emissões de gases de efeito estufa provêm da indústria da moda.
• As fábricas de moda consomem mais de 130 milhões de toneladas de carvão/ano para gerar energia.
• Para suprir a demanda do consumo, quase toda matéria-prima utilizada na moda resulta em problema: do algodão, cheio de pesticidas, ao poliéster, oriundo da exploração do petróleo.
• Operários da indústria têxtil em países como China, Índia e Bangladesh trabalham mais de 12 horas por dia e ganham menos do que 100 dólares por mês.
• Cerca de 80% da mão de obra deste mercado são mulheres. E menos de 2% ganham o suficiente para viver em condições dignas. Para ganhar mais, elas chegam a trabalhar mais de 75 horas por semana.
E tem quem ache que o consumismo é um problema individual que só diz respeito à própria conta bancária…
(Adaptado de Nina Guimarães, O consumismo destrói o meio ambiente e incentiva o trabalho escravo. Metrópoles, 19/04/2017.)
4.
As principais redes de varejo de moda do país associadas à ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) já notam a melhora no ânimo dos consumidores. “O cenário é mais favorável, a partir do momento em que há maior disponibilidade de crédito; a inflação está abaixo do esperado, com aumento no poder de compra; e há uma leve redução do desemprego. Esses fatores somados ajudam a elevar a intenção de compra”, aponta Lima, diretor executivo da ABVTEX. A FGV estima que, em 2018, o PIB cresça 2,5%. Esse crescimento deve permanecer liderado pelo consumo.
(Adaptado de Em 2018, crescimento permanecerá liderado pelo consumo, diz FGV. Disponível em http://www.abvtex.org.br/. Acessado em 04/05/ 2018.)
5.
Pelo 12º ano consecutivo, só deu ela: a Noruega foi novamente eleita pela ONU como o melhor país do mundo para se viver. Segundo Jens Wandel, diretor do departamento administrativo do Programa de Desenvolvimento da ONU, o sucesso do país consiste em combinar o crescimento de renda com um elevado nível de igualdade. “Ao longo do tempo, a Noruega conseguiu aumentar sua renda e, ao mesmo tempo, garantir que os rendimentos sejam distribuídos de modo uniforme”.
(Adaptado de Índice de Desenvolvimento Humano: o que faz da Noruega o melhor lugar para se viver? Huffpost Brasil, 17/12/2015.)
O enunciado orienta o candidato a se colocar na posição de um aluno que deve elaborar uma postagem, a ser publicada em um fórum virtual da disciplina de Geografia. Para produzir esse texto, o aluno deve cumprir três passos, determinados pela figura da professora para a execução da tarefa, com base em dois gráficos e três textos de apoio: (i) observar a classificação do Brasil nos rankings apresentados nos gráficos 1 e 2; (ii) interpretar os textos 3, 4 e 5; e (iii) indicar se haveria diferenças no desenvolvimento social do Brasil caso o país optasse por uma política econômica que tivesse como consequência uma melhor classificação no ranking do IDH ou no ranking do crescimento do PIB.
A partir da leitura dos textos indicados, o aluno deveria apontar em qual ranking o Brasil subiria se privilegiasse os aspectos qualidade de vida e igualdade no desenvolvimento social; apresentar as consequências de priorizar o consumo para o desenvolvimento social; e argumentar em favor do seu ponto de vista.
O primeiro gráfico mostra um ranking do crescimento do PIB, Produto Interno Bruto, medida que representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período. Nesse gráfico, liderado pela Índia, o Brasil aparece na 47ª posição.
O segundo gráfico mostra um ranking com a classificação do IDH, medida concebida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população. O ranking, liderado pela Noruega, tem o Brasil na 79ª posição.
O terceiro texto mostra um breve conjunto de informações sobre relações de consumo, que destaca, entre outros aspectos, como o crescimento da indústria da moda implica maiores gastos de água, energia e matéria-prima – os quais resultam em maior poluição do meio ambiente e aumento na produção de lixo. Ressaltam-se também as implicações sociais do aumento do consumismo, com ênfase na exploração da mão de obra.
O quarto texto aborda o aumento do consumo no varejo de moda brasileiro em 2018, impulsionado pela inflação, que cresceu abaixo do esperado, pelo maior poder de compra e pela redução do desemprego. Nesse cenário, a previsão é de que o PIB no país cresça, liderado pelo consumo.
No quinto e último texto, destaca-se a liderança da Noruega pelo 12º ano consecutivo no ranking de IDH, mostrando o sucesso do país em combinar o crescimento de renda com um elevado nível de igualdade.
Esperava-se que o candidato, para cumprir devidamente os propósitos exigidos na proposta, fizesse uma interpretação minuciosa dos textos de apoio, com base nos quais deveria chegar à conclusão de que o crescimento do PIB não leva, obrigatoriamente, ao aumento do IDH. Essa dedução é possível quando se analisa que os países com maior crescimento no PIB não são os mesmos com IDH maior. Economias emergentes se destacam entre os países com maior aumento do PIB – Índia, China e Filipinas – enquanto Noruega, Suíça e Austrália figuram entre as nações com as melhores condições para se viver.
A análise adequada dos gráficos mostraria que, se o Brasil privilegiasse os aspectos de qualidade de vida e igualdade no desenvolvimento social, o país subiria no ranking de IDH. Para discutir as consequências de priorizar o consumo para o desenvolvimento social, o candidato poderia se valer das informações enumeradas no terceiro texto, bem como de outras, advindas de seu próprio repertório, relacionadas ao assunto.
O ponto de vista que o candidato deveria assumir e sustentar, portanto, deveria apoiar-se em uma avaliação consistente dos dados apresentados nos textos de apoio, os quais deveriam ser mencionados na postagem.
Em relação ao gênero, a postagem em fórum virtual se caracterizava, nessa situação específica de produção, por seu caráter analítico e argumentativo. A interlocução poderia ser explícita ou não, desde que se respeitasse a formalidade esperada na realização de uma tarefa escolar.