E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:
– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!...
– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.
– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas...
*peixe elétrico
Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa,
A epígrafe do conto “Duelo” traz um diálogo entre a piranha e a arraia, que mostram as armas que usam para matar: a primeira usa a violência do ataque; a segunda, a paciência que faz o inimigo morrer a partir de um descuido. Essa situação pode ser relacionada à vivida por Turíbio Todo e por Cassiano Gomes. Cassiano é eficaz no uso das armas, pois pertencera ao Exército. Turíbio espera pacientemente que a doença do inimigo se manifeste. Já a ideia expressa pela fala do gimnoto, pode ser associada a Timpim Vinte e Um, o qual, inicialmente subestimado, é o único sobrevivente no duelo.