Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade ou mistificação. Tomo de empréstimo a formulação de Hans Blumenberg do mito político como um processo contínuo de trabalho de uma narrativa que responde a uma necessidade prática de uma sociedade em determinado período. Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o problema da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas também não pode ser percebido como mentira (do contrário, não seria mito). O mito político confere um sentido às circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao fazê‐los ver sua condição presente como parte de uma história em curso, ajuda a compreender e suportar o mundo em que vivem.
ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.
De acordo com o texto, o “mito político”
O autor reitera no texto a ideia de que “mito político” não se opõe à “verdade”, que não se aproxima da “fantasia, falsidade ou mitificação”. Ao considerar o “mito político” uma “narrativa simbólica” e “uma necessidade prática”, o autor atribui a esse conceito a função de conferir “sentido às circunstâncias” de “fazer ver” por meio da concretização das situações.