“ Acuenda o Pajubá” : conheça o “ dialeto secreto” utilizado por gays e travestis

Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e ganhou a comunidade

“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não eu puxo teu picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? Se sim, é porque você manja alguma coisa de pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e travestis.

Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais formais, um advogado afirma: “É claro que eu não vou falar durante uma audiência ou numa reunião, mas na firma, com meus colegas de trabalho, eu falo de 'acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado de falar outras palavras porque hoje o pessoal já entende, né? Tá na internet, tem até dicionário...”, comenta.

O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária da língua afiada, lançado no ano de 2006 e escrito pelo jornalista Angelo Vip e por Fred Libi. Na obra, há mais de 1 300 verbetes revelando o significado das palavras do pajubá.

Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu, mas sabe-se que há claramente uma relação entre o pajubá e a cultura africana, numa costura iniciada ainda na época do Brasil colonial.

Disponível em: www.midiamax.com.br. Acesso em: 4 abr. 2017 (adaptado).

Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, caracterizando-se como elemento de patrimônio linguístico, especialmente por

  • a

    ter mais de mil palavras conhecidas. 

  • b

    ter palavras diferentes de uma linguagem secreta. 

  • c

    ser consolidado por objetos formais de registro. 

  • d

    ser utilizado por advogados em situações formais.

  • e

    ser comum em conversas no ambiente de trabalho.

Considerando o usuário como o advogado a que se refere a matéria – e não genericamente os usuários do pajubá – o “status” de dialeto decorre da existência de um dicionário. Em sua fala, ele mesmo reconhece a formalização como elemento que valida o uso corrente: “tá na internet, tem até dicionário”. Desse modo, há para ele a caracterização do pajubá como elemento do patrimônio linguístico.