INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada "texto insuficiente".
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
Às segundas-feiras pela manhã, os usuários de um serviço de música digital recebem uma lista personalizada de músicas que lhes permite descobrir novidades. Assim como os sistemas de outros aplicativos e redes sociais, este cérebro artificial consegue traçar um retrato automatizado do gosto de seus assinantes e constrói uma máquina de sugestões que não costuma falhar. O sistema se baseia em um algoritmo cuja evolução e usos aplicados ao consumo cultural são infinitos. De fato, plataformas de transmissão de vídeo on-line começam a desenhar suas séries de sucesso rastreando o banco de dados gerado por todos os movimentos dos usuários para analisar o que os satisfaz. O algoritmo constrói assim um universo cultural adequado e complacente com o gosto do consumidor, que pode avançar até chegar sempre a lugares reconhecíveis. Dessa forma, a filtragem de informação feita pelas redes sociais ou pelos sistemas de busca pode moldar nossa maneira de pensar. E esse é o problema principal: a ilusão de liberdade de escolha que muitas vezes é gerada pelos algoritmos.
VERDCI. Daniel. O gosto na era do algoritmo. Osponivel em. Mtps.libiasitelpals.corn. Acesso em. 11 Jun. 2018 (adaptado).
TEXTO II
Nos sistemas dos gigantes da intemet, a filtragem de dados é transferida para um exército de moderadores em empresas localizadas do Oriente Médio ao Sul da Ásia, que têm um papel importante no controle daquilo que deve ser eliminado da rede social, a partir de sinalizações dos usuários. Mas a informação é então processada por um algoritmo, que tem a decisão final. Os algoritmos são literais. Em poucas palavras, são uma opinião embrulhada em código. E estamos caminhando para um estágio em que é a máquina que decide qual notícia deve ou não ser lida.
PEPE ESCOBAR. A silenciosa ditadura do algoritmo. Disponível em' Ntoficutraspalavrasnet. Acesso em: 5 Jun. 2017 (adaptado).
TEXTO III
TEXTO IV
Mudanças sutis nas informações às quais somos expostos podem transformar nosso comportamento. As redes têm selecionado as notícias sob títulos chamativos como "trending topics" ou critérios como "relevância". Mas nós praticamente não sabemos como isso tudo é filtrado. Quanto mais informações relevantes tivermos nas pontas dos dedos, melhor equipados estamos para tomar decisões. No entanto, surgem algumas tensões fundamentais: entre a conveniência e a deliberação; entre o que o usuário deseja e o que é melhor para ele; entre a transparência e o lado comercial. Quanto mais os sistemas souberem sobre você em comparação ao que você sabe sobre eles, há mais riscos de suas escolhas se tornarem apenas uma série de reações a "cutucadas" invisíveis. O que está em jogo não é tanto a questão "homem versus máquina", mas sim a disputa "decisão informada versus obediência influenciada".
CHATFIELD. Tom. Como a Internet Influencia secretamente nossas escolhas. Disponível em: wwwbbc.com. Acesso em: 3 Jun. 2017 (adaptado).
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
O Enem manteve a tradição de abordar um relevante tema social. Neste ano, a proposta convidava o participante a apresentar seu ponto de vista sobre a “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.
A princípio, era importante compreender que, inscrita em uma questão mais abrangente, a popularização do uso de sites de notícias e redes sociais, entre outros recursos digitais, a situação-problema mostrava um recorte mais específico: o uso de dados do internauta para controlar seus comportamentos, por meio de algoritmos. Como em propostas anteriores, a coletânea de textos motivadores apresentou textos oficiais para balizar a reflexão, como os dados divulgados pelo IBGE – com os números de usuários quanto ao gênero, faixa etária e finalidade de uso da rede –, além de textos jornalísticos que destacavam a influência dos meios digitais em aspectos relacionados a consumo e acesso a notícias. Entretanto, nesse contexto, evidenciava-se a ilusão de liberdade de escolha muitas vezes gerada pelos algoritmos.
Com base na coletânea, então, fica evidente que o uso de meios digitais na atualidade, de modo a evitar ou, ao menos, diminuir a manipulação causada pela seleção e direcionamento de informações a públicos específicos, torna-se o principal desafio para os internautas. Uma análise da situação-problema poderia abranger causas que dificultam uma seleção mais crítica das informações pelos usuários. O enorme volume de informações e notícias em tempo real pode ser considerado um fator complicador nesse contexto, já que o usuário muitas vezes não tem discernimento para avaliar se as informações são idôneas de fato, ou se há algum tipo de direcionamento, seja para comprar um determinado produto ou votar em um candidato específico nas eleições.
Uma das possíveis implicações a serem apresentadas é a tendência, na sociedade contemporânea, de que cidadãos passem a ser vistos apenas como consumidores, ou eleitores, massa de manobra, sendo valorizados devido aos valiosos dados que disponibilizam, mesmo sem terem consciência, ao aderir a serviços e redes sociais, mesmo os gratuitos.
As propostas de intervenção decorrem das causas exploradas na argumentação. É fundamental explicitar agente social, modo de execução e resultados esperados com a adoção das medidas.
Entre outras intervenções – que deveriam estar devidamente articuladas à problematização desenvolvida na argumentação do texto – seria pertinente propor, para combater, portanto, a manipulação de que os internautas são alvo, a ampliação de medidas que já vêm sendo adotadas por redes sociais, como o envio de lembretes ao usuário sobre suas configurações de privacidade, por exemplo. É importante, também, que o internauta fique atento ao aceitar termos e condições de uso para esses serviços, uma vez que é comum que o indivíduo simplesmente clique em “aceitar” sem ter clareza do que, de fato, está aceitando ao criar um perfil em uma rede social.
Campanhas de esclarecimento, veiculadas nas próprias redes sociais, direcionadas ao público jovem, poderiam alertar sobre os perigos de aceitar como verdadeiras todas as informações veiculadas nos meios digitais, em especial as que viralizam e cujas fontes são desconhecidas. É importante que essas campanhas apresentem estratégias para os usuários, como a checagem de mais de uma fonte, que deve ser confiável, a fim de que os dados sejam confrontados e assim o internauta possa definir seu próprio ponto de vista, evitando ser manipulado. Órgãos governamentais, como o Ministério da Cultura; na sociedade civil, faixas etárias específicas, como os jovens, por exemplo; bem como coletivos e ONGs também poderiam exercer relevante papel na conscientização e mobilização de diversos grupos sociais. Esses são apenas alguns exemplos possíveis, podendo o participante considerar outros agentes sociais, modos de execução e finalidades da medida apresentada.