Leia o texto de Bernadette Siqueira Abrão para responder à questão.

Rousseau explica, em Do Contrato, a saída do estado de natureza apelando para uma hipótese: os homens teriam chegado a um ponto em que os obstáculos à sua conservação sobrepujaram as forças de que cada indivíduo dispõe para manter-se. Não têm outra saída, portanto, a não ser se unir, para juntar suas forças. Mas, como a força e a liberdade de cada indivíduo são os instrumentos primordiais de sua conservação no estado de natureza, a solução prevista leva a um impasse: como empenhá-las sem prejudicar e sem negligenciar os cuidados que a si mesmo cada um deve? Para resolver a questão e efetuar o pacto, o homem precisa encontrar “uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece, contudo, a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes”.

Esse pacto exige a alienação1 total de cada associado, com todos os seus direitos, à comunidade. Mas “cada um dando-se a todos não se dá a ninguém”, e recebe o equivalente a tudo o que alienou e maior força para conservar o que tem. Todos ganham e ninguém perde, e o homem deixa o estado de natureza para ingressar na sociedade civil, em que são necessárias regras para a sobrevivência.

(História da Filosofia, 1999.)

1alienação: renúncia, abandono.

Segundo o texto, caso aplicada, a hipótese de Rousseau resultaria em uma sociedade que

  • a

    acirra o confronto entre direitos e deveres.

  • b

    garante a permanência do estado de natureza.

  • c

    superestima o individualismo.

  • d

    privilegia a vontade do grupo sobre a vontade individual.

  • e

    independe das leis, pois todos têm os mesmos direitos.

Alternativa D

Segundo o texto, aplicada a hipótese de Rousseau, os seres humanos seriam obrigados a associar-se de forma a renunciar a seus interesses individuais em favor da comunidade, prevalecendo a vontade do grupo sobre a individual.