A Lei de Terras, de 1850, e a legislação subsequente codificaram os interesses combinados de fazendeiros e comerciantes, instituindo as garantias legais e judiciais de continuidade do padrão de exploração da força de trabalho, mesmo que o cativeiro entrasse em colapso. Na iminência de transformações nas condições do regime escravista, que poderiam comprometer a sujeição do trabalhador, criavam as peculiares condições que garantissem, ao menos, a sujeição do trabalho na produção do café.
José de Souza Martins, O cativeiro da terra, 1979. Adaptado.
a) Considerando o contexto social de transformações a que se refere o autor, explique os interesses combinados de fazendeiros e comerciantes que se codificaram na promulgação da Lei de Terras de 1850.
b) Cite e explique um impacto da abolição da escravidão em relação aos processos de urbanização e de industrialização.
a) A lei de terras, de 1850, manteve a posse de propriedades agrárias nas mãos das elites fazendeiras, pois a legalização de sua compra e venda elevou os preços e dificultou a aquisição para parte de trabalhadores imigrantes da Europa. Os comerciantes foram igualmente favorecidos pela lei, pois tais trabalhadores, sem grandes perspectivas no campo, migraram para as cidades onde incrementaram o mercado consumidor como mão de obra assalariada.
b) Com a abolição da escravidão, deu-se um forte fluxo migratório de negros libertos para os centros urbanos, em especial, do Vale do Paraíba para o Rio de Janeiro.
A maior oferta de mão de obra implicou baixos salários para a operariado urbano. O descompasso entre as estruturas urbanas e o maior contingente populacional implicou subemprego, marginalização, crises de abastecimento de água, epidemias e crise de moradia.