Texto 1

O positivismo representa amplo movimento de pensamento que dominou grande parte da cultura europeia, no período de 1840 até às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, a Europa consumou sua transformação industrial, e os efeitos dessa revolução sobre a vida social foram maciços: o emprego das descobertas científicas transformou todo o modo de produção. Em poucas palavras, a Revolução Industrial mudou radicalmente o modo de vida na Europa. E os entusiasmos se cristalizaram em torno da ideia de progresso humano e social irrefreável, já que, de agora em diante, possuíam-se os instrumentos para a solução de todos os problemas. A ciência pelos positivistas apresentava-se como a garantia absoluta do destino progressista da humanidade.

(Giovanni Reale e Dario Antiseri. História da filosofia, 1991. Adaptado.)

Texto 2

O “progresso” não é nem necessário nem contínuo. A humanidade em progresso nunca se assemelha a uma pessoa que sobe uma escada, acrescentando para cada um dos seus movimentos um novo degrau a todos aqueles já anteriormente conquistados. Nenhuma fração da humanidade dispõe de fórmulas aplicáveis ao conjunto. Uma humanidade confundida num gênero de vida único é inconcebível, pois seria uma humanidade petrificada.

(Claude Lévi-Strauss. A noção de estrutura em etnologia, 1985. Adaptado.)

a) Considerando o texto 1, explique o que significa “eurocentrismo” e por que o conceito de progresso pressuposto pelo positivismo é eurocêntrico.

b) Por que o método empregado pelo autor do texto 2 é considerado relativista? Como sua concepção de progresso se opõe ao conceito de progresso positivista?

a) Nos termos do texto 1, "eurocentrismo" pode ser caracterizado como uma visão que valoriza o modo de vida europeu como possível padrão de referência para toda a humanidade. Nesse contexto, a doutrina positivista construiu a ideia de progresso tendo por base fenômenos como a Revolução Industrial e o desenvolvimento científico, que ocorreram histórica e geograficamente no continente europeu.

b) Para Lévi-Strauss, cada sociedade opera com seu sistema de valores e, por isso, ela se "desenvolve" numa direção que só faz sentido dentro desse sistema.
Assim, ele adota uma postura relativista, que nega a humanidade como um "gênero de vida único".
Desse modo, ele se opões ao "progresso" dos positivistas, que acreditavam que tudo podia ser explicado pela sua concepção de ciência.