O uso intensivo da metáfora insólita, a entrega ao fluxo da consciência, a ruptura com o enredo factual foram constantes do seu estilo de narrar. Os analistas à caça de estruturas não deixarão tão cedo em paz seus textos complexos e abstratos. Há na gênese dos seus contos e romances tal exacerbação do momento interior que, a certa altura do seu itinerário, a própria subjetividade entra em crise. O espírito, perdido no labirinto da memória e da autoanálise, reclama um novo equilíbrio. 

 (Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira. 1994, Adaptado.)

Tal comentário refere-se a 

  • a

    Clarice Lispector. 

  • b

    Guimarães Rosa.

  • c

    José Lins do Rego. 

  • d

    Graciliano Ramos. 

  • e

    Jorge Amado. 

O trecho expõe características importantes da obra de Clarice Lispector. Essa escritora, um dos maiores nomes da prosa brasileira do século XX, explorou as narrativas de ação interiorizada, em que poucos eventos factuais intercorrem nas trajetórias das personagens. Disso decorre uma intensa pesquisa da interioridade psicológica delas, por meio do fluxo de consciência e das chamadas epifanias, que são revelações súbitas e profundas do sentido da vida. Tudo isso desencadeia verdadeiros processos de autoenfrentamento, em que as personagens têm de se deparar com uma dolorosa autoanálise.