A veia humorística do poeta romântico Álvares de Azevedo (1831-1852) está exemplificada nos versos. 

  • a

    Coração, por que tremes? Vejo a morte, 
    Ali vem lazarenta e desdentada... 
    Que noival... E devo então dormir com ela?... 
    Se ela ao menos dormisse mascarada! 

  • b

    Quando, à noite, no leito perfumado 
    Lánguida fronte no sonhar reclinas, 
    No vapor da ilusão por que te orvalha 
    Pranto de amor as pálpebras divinas? 

  • c

    Feliz daquele que no livro d'alma 
    Não tem folhas escritas 
    E nem saudade amarga, arrependida, 
    Nem lágrimas malditas! 

  • d

    Quando falo contigo, no meu peito 
    Esquece-me esta dor que me consome: 
    Talvez corre o prazer nas fibras d'alma: 
    E eu ouso ainda murmurar teu nome! 

  • e

    E eu amo as flores e o doce ar mimoso 
    Do amanhecer da serra 
    E o céu azul e o manto nebuloso 
    Do céu da minha terra! 

A estrofe de "O poeta moribundo", que apresenta a morte como "lazarenta e desdentada", sugerindo que, por isso, ela deveria dormir "mascarada", apresenta o tom satírico característico dos poemas da segunda parte de Lira dos vinte anos.